O mês de março, com 24.590 unidades registadas no mercado total, voltou a evidenciar a tendência positiva de crescimento das vendas de carros novos nacionais no ano em curso, com mais 51,2% no Mercado Total e mais 60,1% no segmento dos Ligeiros de Passageiros, face ao mês homólogo do ano anterior.
O mês de março, com 24 590 unidades registadas no mercado total, voltou a evidenciar a tendência positiva de crescimento das vendas de carros novos nacionais no ano em curso, com mais 51,2% no mercado total e mais 60,1% no segmento dos Ligeiros de Passageiros, face ao mês homólogo do ano anterior.
As vendas de ligeiros de passageiros no mês de março ultrapassaram as vinte mil unidades, facto que já não acontecia desde 2019, e o valor do mês constitui o quinto melhor resultado na última década.
Quanto aos valores das vendas acumuladas do ano, regista- se uma variação positiva de quase 42% no mercado total e de quase 50% nos ligeiros de passageiros. Por segmentos de mercado o ano presente tem-se caracterizado por uma forte dinâmica no segmento dos ligeiros de passageiros e dos pesados (+28,4%), em particular nos pesados de mercadorias (+44,6%). Os ligeiros de mercadorias seguem no ano com uma variação positiva de 3,2%, quase em linha com o ano anterior, aguardando-se com expectativa a evolução das vendas nos próximos meses.
Em termos de marcas, a Peugeot mantém o domínio do mercado português, com cerca de 7500 unidades vendidas nos três meses e uma diferença de 2829 unidades para a marca seguinte, a Renault, liderando os segmentos em que está presente (ligeiros de passageiros e ligeiros de mercadorias).
No trimestre e, ainda, no mercado de ligeiros, a Mercedes surge no terceiro lugar, seguido da Citroën e da Toyota. A Toyota, mesmo vendendo mais 364 unidades face a 2022, caiu três posições, por troca direta com a Renault (2.ª posição) com mais 1666 unidades vendidas no trimestre. Nas dez primeiras posições, realce para a Ford (10.ª) que, vendendo mais 1250 carros, subiu quatro posições face ao ano anterior.
Nas primeiras cinquenta marcas de veículos ligeiros, há seis que registam quebras no trimestre face a 2022, e que são: Hyundai, Mini, Mitsubishi, Iveco, Fuso e Honda. As quedas da Hyundai e da Honda, de 13,6% e 40,6%, respetivamente, são significativas, na medida em que a primeira caiu oito lugares no ranking nacional e a segunda sete lugares e ambas com um desempenho comercial muito fraco no mês de março. Tal como no ano anterior, as catorze primeiras marcas (cerca de 23% das marcas), do segmento dos ligeiros, detêm 80% das vendas do mercado.
Vendas de veículos eletrificados Em termos mundiais, o ano de 2022 registou um crescimento muito significativo das vendas de veículos eletrificados, em particular na China. De acordo com informação da ev-volumes.com, as vendas conjuntas de veículos BEV (100% elétricos) e PHEV (híbridos plug-in) em 2022, no mundo, registou um aumento de 55% face a 2021, que compara com um ligeiro decréscimo do mercado mundial total (menos 0,5%) no mesmo período.
De acordo com os números de vendas da China em
2022, ao que podemos associar, também, uma crescente
capacidade instalada ao nível da produção, não
será estranho que tenhamos, em breve, os seus carros
elétricos à venda no Velho Continente e, em particular,
em segmentos que as marcas tradicionais não têm
apresentado propostas apelativas, principalmente em
termos de preço, para o “comum” dos consumidores.
A nível nacional, as vendas de veículos elétricos ligeiros
mantêm uma tendência positiva de crescimento e
de acordo com dados da ACAP, atingiram quase nove
mil veículos 100% elétricos (BEV) e quase 5500 plug-in
(PHEV) no primeiro trimestre do ano, destacando-se
a Tesla com 2097 unidades (23,4% das vendas dos veículos
100% elétricos) no período referido. As vendas
de veículos 100% elétricos mais do que duplicaram no
primeiro trimestre face ao período homólogo de 2022,
e as vendas de viaturas ligeiras PHEV, voltaram a aumentar
no mês de março em termos gerais e seguem
no acumulado do ano com uma variação positiva de
40%, face a 2022.
No conjunto, as vendas BEV mais PHEV, têm atingido,
com regularidade mensal, 24% do mercado de ligeiros,
terminando o trimestre com cerca de 24,5%. É um valor
muito significativo, se tivermos em linha de conta
o preço médio geral deste tipo de carros, embora saibamos
que os benefícios (fiscais) associados, em particular
a nível empresarial, tornam o “produto”, ainda,
bastante atrativo para as empresas em termos económicos
e fiscais (recorde-se, que o Orçamento de Estado
para 2023, já trouxe ligeiros reduções dos benefícios ao
nível das tributações autónomas para os veículos eletrificados).
Proibição da venda de veículos a combustão
na UE a partir de 2035
O desempenho comercial positivo a nível nacional, naturalmente
impulsionado pelo desempenho das vendas
dos veículos elétricos acontece quando, em termos europeus,
começa a haver algumas vozes a levantarem-se
contra a determinação do Parlamento Europeu sobre
a proibição total das vendas de veículos a combustão a
partir do ano 2035. A decisão final cabe, agora, ao Conselho
Europeu antes da publicação no Jornal Oficial da
Comunidade Europeia.
Contudo, a oposição da Itália ao nível do Conselho Europeu sobre a referida proibição das vendas de veículos a combustão a partir de 2035, face ao determinado pelo Parlamento, gerou o adiamento da decisão final do Conselho, reclamando a Itália que o mesmo reveja a sua posição e proponha alternativas sustentáveis em termos ambientais e económicos. Esta posição foi seguida pela Alemanha, que rejeita a proposta em cima da mesa, até que se inclua os e-fuels (combustíveis sintéticos) na proposta final.
Em resumo, levantam-se vozes que entendem que, apesar da utilidade da eletrificação do parque circulante para os objetivos ambientais propostos, este caminho não deve ser o único, podendo haver lugar a outras alternativas tão válidas para o propósito final “zero emissions”, estando em cima da mesa tecnologias baseadas, nomeadamente, nos combustíveis sintéticos e ou no hidrogénio.
Entretanto, Carlos Tavares (CEO do grupo Stellantis) voltou, recentemente, a demonstrar publicamente, uma preocupação muito séria para a difícil acessibilidade da classe média à “mobilidade limpa e segura” tendo em conta os atuais (elevados) preços dos carros elétricos. Referiu, mesmo, a possibilidade de haver um “risco de surgirem tensões sociais” associado a este facto.
Aguardamos, pois, com a máxima expectativa novos desenvolvimentos sobre o tema ao nível da União Europeia, enquanto observamos a entrada, no Velho Continente, dos carros elétricos chineses.